quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ai Senhora da Lapa

Foi um dos primeiros passeios que fizemos juntos, o Paulo e eu. A Capela está localizada na bonita aldeia da Lapa (concelho de Sernancelhe), de casas bonitas em granito, flores e ruas cuidadas.
Encontramos lojas onde se pode comprar produtos locais, que todos apreciamos (ai a dieta), os enchidos, o vinho, ou artesanato local. É um local cheio de histórias e crenças… senão vejam!
O Santuário está localizado na serra da Lapa e foi construída no século XVII pelos jesuítas, no entanto reza a história que durante a invasão dos mouros, os cristãos terão escondido uma imagem da Virgem numa gruta (ou lapa). No seu interior existe uma estreita passagem entre grandes rochas, segundo a crença não consegue passar entre elas apenas quem tem grandes pecados!
Terá sido mais tarde que uma menina pastora, com o nome de Joana, encontrou uma imagem da Virgem. A menina era muda e levou a imagem à sua mãe, que não dando importância a atirou para a fogueira. A menina terá falado pela primeira vez na vida e pediu à mãe que não queimasse a imagem. Talvez por isso a estátua da Virgem que está no santuário apresente marcas de queimaduras.
No topo da capela encontra-se a rocha milagrosa com a imagem da Senhora da Lapa. Marcante o local, vos garanto. Este é um Santuário diferente, que vale a pena visitar. O local é calmo, mas nota-se que é constantemente objecto de atenção, nas lojas não somos sujeitos a “actos predatórios” (desculpem o termo mas em certos locais assim parece). Gostei daquela aldeia! O cuidado visível na sua preservação faz pensar que há quem goste da sua terra, e isso é de realçar.
Outra curiosidade neste local é o caimão que se encontra suspenso numa das salas posteriores à capela. Trata-se de um ex-voto de um crente, natural da região, em forma de agradecimento pela Virgem o ter salvo do ataque de um caimão na Índia, depois de ter evocado a Senhora da Lapa.
O estranho animal foi já objecto de restauro e reconstituição, mas não deixa de ser surpreendente vê-lo ali, entre tantas outras oferendas expostas. Depois da visita, dê um passeio pela localidade, podem sempre descansar e comer um lanchinho (quem sabe com os produtos da região?) no amplo e calmo parque de merendas, à saída. Bons passeios!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Igreja de Santa Comba (Bande, Espanha)

De férias há sempre a oportunidade de conhecermos locais surpreendentes, e monumentos cuja história se revela bem interessante.
Este foi o caso… procurámos aquele local, que estava assinalado na nossa lista, e na estrada principal lá estava a sinalética – Igreja Visigótica. Resolvemos arriscar!
No local estacionámos, uma rua estreita fica por cima da Igreja e telefonámos ao contacto indicado, que prontamente se deslocou ao local.
A Igreja localiza-se na província de Ourense, concelho de Bande, comarca de Baixa Limia. A igreja estaria já construída no século VII, quando foi reconstruída e agregada ao Mosteiro onde foram guardadas as relíquias de S. Torcato. O Mosteiro terá sido abandonado no século IX.
De fora vê-se o pequeno e sólido edifício em pedra de granito. A Igreja corre por volumes diferentes e simples na decoração. No interior sentimos a sobriedade, que é transmitida pela pedra firme e pelas paredes simples que nos rodeiam.
A planta do edifício é de cruz grega, tendo na cabeceira rectangular a capela-mor com um arco albergado em duas colunas de mármore.
No tecto e paredes da nave encontramos pinturas murais do século XVI, que consubstanciam o ambiente monástico e sóbrio do local.
Outras curiosidades do local são a ara romana e o caixão (ataúde) vazio de S. Torcato, existentes nas capelas laterais.
Segundo a tradição, as pessoas recolhem o pó que se acumula no caixão de S. Torcato, pois crê-se que cura as doenças nos olhos. Interessante não é?
Sempre gostei das Igrejas simples e sérias, que nos acolhem em calma e silêncio. Esta Igreja é um bom exemplo disso mesmo. Na zona da Beira Serra existem Igrejas que aconselho que se visitem, nomeadamente as Igrejas de S. Pedro em Arganil, Avô e Lourosa. Vão ver que entendem.

domingo, 15 de março de 2009

Ainda a neve…

Há dias em que fugimos do nosso elemento em busca de uma distracção. O dia-a-dia era de dor e de memória e então, cai um nevão… É verdade do céu parecia vir um sinal, limpando as mágoas, trazendo um sorriso. Antigamente se dizia que quando nevava o ano seria de riqueza. A terra ficava bem abastecida, tudo o que causava problemas á natureza ficava aniquilado com o frio gelado.
E lá fomos nós à descoberta… primeiro a Pena, rodeada de Penedos brancos, que bela se encontrava… A aldeia é por si só mágica, entre o som da ribeira da Pena bucólica e a paisagem agreste rodeado de penedos de quartzito. Este é um vale apertado que sobe e que permite ainda que ali se mantenha a beleza da natureza quase intocada.
Há anos atrás ali ia com o meu pai, buscar cabras para o rebanho. Ali ia junto dos meus primos, almoçar ou lanchar. Lembro-me ainda que quando era criança, comemos uns peixinhos fritos (perdoem-me mas não me lembro o nome) que nos souberam a mel. A família está em todo o lado, um abraço a eles, quer estejam na Pena, na Lousã, na França, no Brasil… todos eles gostam e recordam com alguma saudade a sua aldeia (que por algumas horas foi minha também).
Agora enquanto percorremos as ruas, quase geladas, com cuidado para não cairmos (sorriso), nas ruas parece mais realçado ainda o xisto das asas, dos muros, o cinzento da sua cor, o nevoeiro que envolve tudo.
Olhando a aldeia da ponte, vemos que as casas foram construídas até ao cimo de uma encosta, parecendo um pequeno presépio em cinza, castanho, azul (várias tonalidades de xisto e outros “resíduos” se assim se pode dizer). É uma aldeia escondida, para alguns, mas no seu silêncio carrega ainda o carinho de quem ama a sua terra.
A neve torna-a ainda mais bonita, cobre os penedos, os telhados da aldeia, os pequenos prados, hortas, os caminhos… e atenção que nas ruas de pedra há que cuidar para não haver “bate-cu”… Ai que palavra.
Juntamente com a Comareira, Aigra Nova e Aigra Velha fazem parte da rede de aldeias de Xisto no concelho de Góis. Mais uma maravilha a descobrir.

domingo, 26 de outubro de 2008

Vilar da Amoreira - um parque para encontrar

O Vilar era uma pequena aldeia na Freguesia de Portela do Fojo (vulgo Amoreira), que ficou parcialmente submersa com a Barragem do Cabril em 1954. Quando ali chegamos e a barragem está “baixa” ainda adivinhamos antigas ruínas, casas, moinhos, antigas “barrocas”, passagens de água. A aldeia do Vilar voltou a nascer um pouco acima das águas e em baixo encontramos um espaço propício ao descanso, à pesca (para quem é amante deste desporto), a um bom convívio, uma tarde bem passada. Para além do espaço em si, estão ali implantadas infra-estruturas que são valiosas: piscina fluvial, parque de merendas, churrasqueira e bar de apoio.
Quando a primeira vez fui aquele local, pareceu-me idílico. E ainda hoje quando lá vou sinto o mesmo. O silêncio que nos acalma, nos organiza ideias, o som e a visão das águas que aprofunda sentimentos e pensamentos.
Uma paisagem que pode ser bonita desde o amanhecer até ao entardecer, experimentem acompanhar os cambiantes de cor – a água que brilha e mostra diferentes tons de azul, o sol que se põe e nos traz uma certa nostalgia, do mundo, da vida, de tudo.

Figueira, um outro mundo

Bem a descoberta das aldeias de Xisto continua… Figueira é uma aldeia no concelho de Proença-a-Nova. Há poucas aldeias “em xisto” neste percurso Rede de Aldeias de Xisto, mas Figueira mantém a arquitectura e o modo de vida.
De facto, e por enquanto, resta finalizar ainda muitas obras, casas ainda em restauro, iluminação que está a ser colocada, mas sente-se o modo de vida rural, o cheiro a cultivo, os sons dos animais domésticos, os produtos das colheitas aqui e ali. Figueira é uma aldeia simples, é aí que está a sua beleza. Quem não gosta de aldeias… não a vai entender decerto.Calma nas ruas, silencioso o ambiente. Poucas pessoas encontramos, mas as que se cruzam connosco, são afáveis e fazem-nos sentir bem vindos. Como sempre os animais cumprimentam-nos. Para além do cão de grande porte e tão afável que nos causa espanto, até ao gatinho que nos olha desconfiado. Os gansos e galinhas assinalam a nossa passagem com grande alvoroço, e descobrimos até uma ninhada de pintainhos – que lindos!A aldeia parece pequena mas quando a percorremos, encontramos outros motivos de entusiasmo, candeeiros “à moda antiga”, becos que se revelam, estreitas ruas que fazem lembrar os cenários das histórias dos nossos pais… convívio dos jovens sentados num balcão, o jogo da apanhada no labirinto da aldeia, o jogo do pião e do arco…
O ex libris da terra é de facto o forno comunitário que tem um sistema de marcação, encontramos na parede um “calendário” que permite assinalar quem coze… segredos de uma comunidade rural…Há nestas visitas sempre um momento lúdico e um momento de emoção. Lúdico pois querendo ou não aprendemos e descobrimos um outro lado do dia a dia no nosso mundo, no nosso pequeno país, na nossa minúscula vida. Estas comunidades existem há muito mais tempo que o tempo que nós duramos, é de facto compreensível que se preservem. Não só o património construído mas sobretudo a vivencia comunitária – é ela que faz com que a aldeia sobreviva. E mesmo que, como eu, sejamos naturais de uma aldeia ali descobrimos sempre uma faceta nova, uma interpretação diferente das coisas e da vida. Consegue-se adivinhar nos olhos de quem encontramos, que eles sabem coisas que nós não sabemos (e quase os invejo por isso).A emoção vem da partilha, do reconhecer algum pormenor, da tristeza de ver estes mundos escondidos, abandonados pelas populações activas, que ali teriam qualidade de vida… A emoção vem da partilha que existe entre quem está e quem passa… para um e outro a tristeza é a sério quando partimos.
Mais informação sobre a aldeia em http://www.aldeiasdoxisto.pt/aldeia/3/5/139/140.

Mais fotos em:
http://pafonso.multiply.com/photos/album/133/Figueira

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O outro lado de Penha Garcia, a Rota dos Fósseis

Fomos à descoberta descendo junto a Barragem de Penha Garcia (para aceder a este local poderão também descer pelo caminho Pedestre da Rota dos Fósseis, ao cimo da aldeia de Penha Garcia, a aldeia histórica).Aqui encontramos um tesouro do património geológico e construído. Nos penedos descobrem-se fósseis, testemunho dos seres vivos que outrora habitaram os oceanos, que ali existiram. Mantém-se no local também a “Casa dos Fósseis”, que o sr Domingos, o guarda ali designado pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, ciosamente nos revela. Ali se encontra o “segredo bem guardado”.
O local está classificado como património da UNESCO, parte integrante do Geoparque Naturtejo. (Ver http://www.naturtejo.com/conteudos/pt/geo_sitios_2.php)Naquele local estavam pequenas habitações onde também funcionavam moinhos de água. Estas estruturas estão hoje recuperadas. Na parte habitacional encontramos objectos de uso comum outrora. Os moinhos estão ainda aptos para trabalhar e servem hoje uma outra função: são pequenos “Ecomuseus” onde pequenos e graúdos podem rever ou descobrir a moagem. Podemos observar ainda o forno de lenha, anexo a uma das casas.
Tudo nos explica o Sr Domingos, e vale a pena ouvi-lo, pelo conhecimento e pelo orgulho que revela.
Mais abaixo a descoberta continua: por um caminho marcado pelos séculos descobrimos nas escarpas mais e mais pormenores de fósseis. E lá em baixo a praia Fluvial, com uma pequena cascata. Um belo local para ouvir a água, descansar e claro tomar um belo banho. Aqui fica a sugestão…

Mais fotos em:
http://pafonso.multiply.com/photos/album/132/O_outro_lado_de_Penha_Garcia

domingo, 19 de outubro de 2008

Martim Branco, a simples aldeia de xisto

É uma aldeia Antiga, de gentes idosas. São poucas as aldeias que hoje permanecem naturalmente em xisto, mas nesta encontra-se ainda a cor escura desta pedra.
Aqui e além vêm-se fotos de recantos da aldeia, pormenores que parecem permanecer nos nossos olhos.Destaca-se o forno da aldeia, restaurado agora, que mantém ainda os assentos para as gamelas, de onde sai a broa para o barranhão e depois para o forno, na pá.Ao lado encontra-se uma “Casa da Cultura” onde se realizarão eventos e pequenas palestras e encontros.Em vários locais encontramos a fruta da época: as uvas, os marmelos, os figos… e todos nos trazem um cheiro especial, uma lembrança de ruralidade quase esquecida.Nas ruas prende-se o olhar numa fechadura antiga, na carroça velha, no conjunto de abóboras amarelinhas, no forno que ainda mostra a cinza da última cozedura.A aldeia calma anima-se ao fim de semana quando os filhos visitam os seus pais, ou outros regressam para um descanso de 2 dias.
A aldeia de xisto não é apenas aquilo que está à vista.
A aldeia de xisto é a alma de quem vive dentro das casas, na simplicidade de quem nos oferece um cacho de uvas acabadas de colher, nos pede para ficar.E é isso que cativa quem visita Martim Branco… e quem já decidiu lá ficar!


Mais fotos em:
http://pafonso.multiply.com/photos/album/125/Martim_Branco